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DIA DOS PAIS E O CORONAVÍRUS – MÉDICO SAI DE CASA PARA PROTEGER OS FILHOS DE CONTAMINAÇÃO
De acordo com o último boletim da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, 5.490 profissionais de saúde das redes pública e privada foram testados para coronavírus. Destes, 867 deram positivo e 409 casos estão sob investigação. Uma pessoa morreu.
Robson Valentim
A quarentena ou isolamento voluntário tem sido uma das formas de proteção recomendadas pelas autoridades de saúde para proteção e redução da contaminação por coronavírus. A medida, que transforma radicalmente a rotina das famílias, tem levado para muitos, o contato com as doenças da mente, típicas de longos períodos de isolamento. Uma mudança que tem se refletido no aumento cada vez maior deste tipo atendimento em clínicas e hospitais. “Temos observado na clínica o aparecimento de muitos transtornos de ansiedade e depressão, inclusive em crianças. Elas tem sofrido bastante, pois, perderam a parte mais gostosa da infância que são as brincadeiras com os amigos, as festinhas, o recreio e as aulas de educação física e artes que, com certeza, eram a melhor parte do dia”, explica Luciana Almeida Sanzon Ramalho, psicóloga da GUADALUPE Clínica Médica Popular.
E, na esteira dessas mudanças se apresentam também outros desafios como o de criar novas rotinas, proteger a relação do desgaste provocado pelo tempo juntos no confinamento e das doenças. Tudo isso pode afetar as pessoas psicologicamente. “A melhor prevenção é tentar tirar alguma lição, algum proveito e aprendizado nesse momento. É buscar ter um pensamento mais otimista. Focar nas coisas boas que vieram, apesar de tudo. Um efeito bom da pandemia é o reforço dos laços parentais, uma aproximação maior dos pais com os filhos. O mundo está dentro de casa. O que temos de mais importante e, que às vezes buscamos tão longe, está pertinho de nós: a nossa família. É nela que devemos nos apoiar para passar por tudo isso”, pondera a psicóloga que também é especialista em infância e adolescência.
E foi contando com esse apoio da família que Henrique Martins e Barros, 43 anos, especialista em Medicina de Família e Comunidade da Clínica Guadalupe, tomou uma decisão radical. Linha de frente no combate ao covid-19, o médico geriatra também atende numa Unidade Básica de Saúde e no setor de pronto atendimento de um hospital particular. Funções que fizeram com que o Dr. Henrique abrisse mão do convívio com a família por tempo indeterminado. “Já faz mais de 4 meses que estou morando em outro apartamento. Saí de casa numa segunda-feira, dia 23 de março. Ainda quando ouvíamos sobre o covid-19 na Europa, eu e minha esposa ficamos sabendo de médicos que ficaram hospedados em hotéis para evitar o contágio da família. Quando a doença veio para o Brasil, me lembrei que meu pai estava em Juiz de Fora e tinha um apartamento vazio. Conversamos em família e eu me mudei pra lá para proteger minha família”; salienta o geriatra.
Casado com a oficial do judiciário, Patricia Alves de Martins e Barros e com dois filhos pequenos, Lucas, 8 anos e Helena, com apenas 1 ano e 4 meses, Dr Henrique confessa que a decisão não foi fácil e o preço pago foi alto, mas, segundo o médico, se justifica. “Já perdi a primeira vez que minha filha disse mamãe, já perdi a primeira vez em que ela disse papai. Meu aniversário é um dia depois do dia dos pais e possivelmente não poderei estar com meus filhos e nem com a minha esposa em nenhum desses dias. Mas, sempre penso que devo abrir mão dessas datas para que eu possa passar com eles todas as outras que virão depois”, conclui o médico.
O zelo e a preocupação do profissional de saúde encontram eco na realidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, foram testados para coronavírus 5.490 profissionais de saúde das redes pública e privada. Destes, 867 deram positivo para coronavírus e 409 casos estão sob investigação. Uma pessoa morreu.
A distância não impediu que o médico deixasse de ter contato com a família. “ A gente se fala todos os dias. Conheci e baixei todos os aplicativos imaginados para que esse contato fosse possível. Falamos de tudo, faço dever de casa junto com meu filho, converso com minha esposa, brinco com minha filha. Outro dia, quando a saudade apertou, nos encontramos na garagem do prédio, mantendo uma grande distância para evitar contaminação, explicou o médico.
De acordo com o médico, não há tempo determinado para retorno, uma vez que em Minas, a pandemia vive seu momento mais grave. No estado, já são 127.106 casos confirmados com 2.769 mortes. Em Belo Horizonte, dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam 20.276 casos confirmados com 498 pessoas mortas.“Não sei quando vou voltar. O que não não quero e nem vou fazer é colocar minha família em risco. A decisão foi difícil, mas, quando se colocam as coisas na balança, tudo fica mais fácil”, conclui o médico.
Os 10 Mandamentos da Boa Convivência entre Pais e Filhos na Quarentena
Com a pandemia, surgiu também uma boa oportunidade para fortalecer ainda mais os laços de amor e respeito na família. Então, aproveite. Se não sabe como fazer isso, não tem problema. Conversamos um pouco mais com a Dra Luciana Almeida Sanzon Ramalho, psicóloga da GUADALUPE Clínica Médica Popular e ela preparou uma lista com 10 boas atitudes para melhorar as relações entre pais e filhos na quarentena. Veja , a seguir:
1- Estabeleça uma rotina com horário de trabalho, de estudo, de diversão e de descanso e principalmente de sono. Crianças precisam dormir bem. Uma noite mal dormida pode ser sinônimo de irritação e stress no dia seguinte.
2- Abrace, beije seu filho, diga que o ama.
3- Tenha um tempo para ouvir seu filho com atenção, olhando-o nos olhos e desenvolva um diálogo sem pressa.
4- Que tal praticar alguma atividade física juntos?
5- Dance, jogue bola, pule corda. Tudo isso pode ser feito em casa e a bola pode ser de papel. Brinque mais com seu filho, lance mão de jogos que ele goste, monte um quebra-cabeças. Assistam a um filme ou desenho juntos, uma vez por semana por exemplo.
6- Elogie o que seu filho tem de bom e o que ele faz bem. Isso fortalecerá sua autoestima. Elogios ajudam a criança a manter comportamentos mais assertivos e adequados.
7- Envolva seu filho nas tarefas de casa, nos cuidados com o ambiente em que vivem. Eles só ganham com isso.
8- Ensine a seu filho o que é empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro, de entendê-lo com o coração) e gratidão . O mundo carece de empatia e sentimentos de gratidão.
9- Se você tem um filho adolescente, mostre interesse por ele e pelas coisas que ele gosta, lê, pelas músicas que ouve, bandas que curte, etc. Mostrar interesse é uma ótima forma de se aproximar.
10- Se o seu filho chorar ou ficar irritado, tenha paciência, converse, valide a emoção dele e tente conversar para que ele se acalme. Dê colo, abrace forte. Mostre para ele que sempre pode contar com você.