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FAMÍLIA, CORAGEM, ALEGRIA E FÉ: QUANDO O AMOR ENTRA EM CAMPO CONTRA O CÂNCER DE MAMA
A doença é o segundo tipo de câncer que mais acomete brasileiras, representando em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino. Para o Brasil, foram estimados cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019, com risco estimado de 56 casos a cada 100 mil mulheres.
Robson Valentim
Com o lema “Cada corpo tem uma história. O cuidado com as mamas faz parte dela.” o INCA – Instituto Nacional do Câncer e o Ministério da Saúde lançaram mais uma Campanha Outubro Rosa, com foco na prevenção e combate ao câncer de mama.
A campanha e seu foco se justificam por outro dado importante. Dados do INCA dão conta de que 60% das mulheres que chegam aos consultórios da rede pública de saúde na fase avançada da doença e apenas 22% das mulheres na faixa de 50 a 69 anos fizeram a mamografia.
“Além disso, alguns mitos acerca da doença contribuem para que as mulheres se afastem dos consultórios. Um deles dão de conta de que usar sutiã de determinada cor provoca a doença e tem outro, ainda mais preocupante que tem afastado as mulheres do consultório, que diz que a mamografia causa câncer, o que, em ambos os casos, obviamente não é verdade”, explica Dra Luana Regina Alves, Ginecologista-obstetra da Clínica Guadalupe e membro da FEBRASGO – Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
Ainda de acordo com a ginecologista a doença em sua fase inicial se apresenta silenciosa, na maioria das vezes, revelando mais tarde, sintomas como secreção mamilar, pele do seio com aparência de casca de laranja e o caroço (nódulo) geralmente endurecido, fixo e indolor, que muitas vezes é encontrado durante o autoexame ou casualmente, no banho.
Muitas são as formas de prevenção da doença. “A escolha de um hábito de vida saudável, com prática de atividade física regular e de uma alimentação saudável, com manutenção do peso corporal adequado podem prevenir o câncer de mama. Isto, sem falar nas idas periódicas ao ginecologista ou mastologista para realização de exames periódicos. É muito importante enfatizar que mulheres acima de 40 anos devem fazer exames anuais ou bianuais. Não deixar de retornar ao médico, tirar as dúvidas. As mulheres mais jovens devem fazer o autoexame. Pois, quanto mais cedo for descoberta a doença, maiores as chances de cura”, salienta Dra Luana.
Mas, além dos mitos e notícias falsas que circulam sobre a doença, o medo tem afastado muitas mulheres dos consultórios. “Existe muito medo. A mulher fica muito abalada e preocupada com a possibilidade da doença. E muitas mulheres fogem da rotina ginecológica da mama e preferem não fazer o exame e até evitam falar sobre o assunto”.
Decisão totalmente diferente da tomada pela Katiane Carvalho, 38 anos,compradora, que descobriu a doença há dois anos, pouco tempo depois de amamentar seu primeiro filho. “Eu nunca me esqueço disso. Foi exatamente no dia 31 de agosto de 2017, quando recebi meu pré-diagnóstico”, lembrou Katiane.
A compradora já havia passado antes por cirurgia devido a problemas no parto. O que resultou na retirada do útero e muitos dias no CTI, entre a vida e a morte. Pouco depois, outra cirurgia se fez necessária. Katiane fez uma bariátrica para conter a elevação do peso, o diabetes e a pressão alta. Tudo devido ao aumento das taxas de hormônio. Depois da cirurgia, num dos exames de rotina, um nódulo foi detectado. “A minha médica pediu para ir observando, pois tinha pouco tempo a suspensão da amamentação, as glândulas mamárias ainda estavam produzindo leite.”. Logo depois, o marido, constatou algo errado no seio e ela voltou ao médico com uma amiga, também médica. Os exames revelaram o câncer. “Eu chorei muito. E perguntei ao médico se iria perder meus cabelos, se poderia perder a mama… Pensei muito no meu marido, no meu filho e em como falar isso para minha família. Pois, havia um ano e pouco que havia passado por duas cirurgias ficando entre a vida e a morte… E agora isso? Então, perguntei ao médico se havia chance de cura. Ele disse que sim, bastava eu querer. Daquele dia em diante, eu disse a mim mesmo que iria viver. Custe o que custar!”, afirmou Katiane.
Mas, a luta contra a doença começou de fato depois do diagnóstico. “Saí do consultório com essa amiga e disse a ela que a partir daquele momento não iria mais chorar. Eu podia perder a mama, os cabelos mas, iria viver. Quero ver meu filho crescer, estar do lado do meu marido e da minha mãe.Trataria a doença como se fosse uma gripe e faria o que fosse necessário.”
Katiane abriu o jogo para a família e amigos. “Ao sair consultório, fui ao salão e lá contei às minhas amigas que tinha câncer. Ao chegar em casa, contei ao meu marido. Para minha família que mora em Montes Claros, mandei um video. Contei também aos membros do meu grupo de oração. Algum tempo depois, raspei minha cabeça para adiantar o processo e mostrar que estou forte. Pois, com a notícia, percebi que minha família adoeceu também. E mais do que eu”, salienta Katiane.
Durante o tratamento, outro duro golpe perturbou Katiane e sua família. “O câncer havia se espalhado. Estava em metástase e o câncer se espalhou para o fígado. Meu marido estava comigo e foi um choque muito grande. Disse a ele que acredito muito em Nossa Senhora e que, com ela e ao lado dele, iria enfrentar essa doença sem medo”, disse a compradora. Ela se submeteu, então a outra cirurgia na qual retirou os nódulos do seio e do fígado. Quatro meses depois outro nódulo reaparece no fígado.
Katiane atribui à família o apoio necessário para enfrentar a doença. “Eles mudaram a vida deles toda. Meu marido mudou de emprego, trocamos de casa para ficar mais perto de onde faço o tratamento. Minha mãe me liga sempre. O apoio deles é muito importante”, comemorou Katiane. Atualmente, Katiane continua em tratamento com quimioterapia, coragem e fé. “ Nossa vida em família virou uma montanha russa e a cada momento que vivenciamos uma melhora é uma conquista muito grande, e Deus me mostrou que ainda não chegou o momento e ainda tenho muito a fazer pela minha família, por meu filho e meus amigos, concluiu Katiane.
Andrea Alves dos Santos, 45 anos, Corretora de seguros, casada, 3 filhos, tem uma história diferente. Ela foi diagnosticada com câncer de mama, também enfrentou a doença e hoje está curada. “Em dezembro de 2018, percebi um nódulo dolorido no seio e não me preocupei. Depois fui ao médico e ela tratou como mastite. Tomei remédios e não adiantou. E a dor foi ficando mais forte a ponto de não poder levantar o braço. Procurei outra médica que em 4 dias, descobriu o câncer de 19 centímetros na mama”, disse a corretora de seguros. Ela conta que recebeu a notícia com resignação. “Se Deus colocou essa doença na minha vida era pra eu passar por isso e vou enfrentar tudo o que tiver que enfrentar. Depois disso, reuni a família e contei a todos”, diz a corretora. Outros exames revelaram metástase no fígado, nos ossos e na axila. A cura veio depois de seis sessões de quimioterapia e muita persistência. “Depois das seções fiz alguns exames e não havia mais sinais dos nódulos. Estava curada”, comemorou Andrea.
Atualmente, ela ainda toma alguns medicamentos preventivos e faz visita aos médicos periodicamente. Andrea diz que quem tem a doença, não tem outro caminho. Tem de enfrentar a doença e buscar o apoio da família e dos amigos. “Devemos enfrentar (a doença) com amor. Passar por tudo isso com amor e com leveza. Sorria sempre! Conte a todos, converse com todos sobre a doença. Um pedido de oração que suba ao céu em seu nome já muda tudo. Não tenha medo. A cura vem!’, conclui Andrea.