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Os cuidados com a pele das crianças durante o verão
Durante o verão, as atividades realizadas ao ar livre aumentam. A radiação solar incide com mais intensidade sobre a Terra, aumentando o risco de queimaduras, câncer da pele e outros problemas. Por isso, não podemos deixar a fotoproteção de lado. Dra. Rosana, dermatologista da Clínica Guadalupe, fala sobre os cuidados para as crianças aproveitarem a estação mais quente do ano sem colocar a saúde em risco.
– Quais os principais cuidados que se deve ter com crianças durante o verão?
Durante o verão deve-se evitar a exposição solar prolongada, principalmente entre às 10 e 16 horas. As crianças devem utilizar protetor solar, chapéu, óculos de sol, roupas adequadas para a estação e que proporcionem proteção contra raios UV. Além disso, deve-se aumentar a ingestão de líquidos, como água e sucos naturais, e ingerir preferencialmente alimentos mais leves e saudáveis.
– Quais as possíveis doenças causadas pelo excesso de contato com o sol?
Os efeitos da radiação UV na pele podem ser considerados agudos (eritema ou queimadura, aumento da temperatura da pele, espessamento, bronzeamento ou pigmentação imediata ou “tardia” e produção de vitamina D) e crônicos (fotoenvelhecimento e câncer da pele). Além disso, algumas doenças podem ser decorrentes ou agravadas pela exposição solar, como o lúpus eritematoso e o melasma.
– Como identificar que houve esse excesso de contato?
O excesso de exposição solar pode originar as queimaduras. A pele apresenta-se vermelha, dolorida e em casos mais graves podem surgir bolhas.
O termo insolação caracteriza o conjunto de sintomas que afeta os indivíduos que ficam expostos excessivamente à luz solar, resultando em um aumento de temperatura do organismo acima dos limites fisiológicos.
A sintomatologia de insolação varia, mas pode abranger: temperatura corporal excessivamente alta (acima dos 39,5°C),pele vermelha, quente e seca, pulsação acelerada, cefaleia, falta de ar, vertigem, náusea, vômito, desidratação, confusão mental; inconsciência.
– Como proceder diante do surgimento dos sintomas?
Em caso de queimaduras solares ou insolação deve-se procurar ajuda médica.
– Existe algum protetor solar específico para crianças?
São recomendadas 3 faixas etárias para a orientação em relação a fotoproteção:
Lactentes menores de 6 meses não devem se expor diretamente ao sol, e quando necessário recomenda-se o uso de roupas e bonés. O uso de fotoprotetor não é recomendável nessa faixa etária, podendo ser prescrito e orientado pelo dermatologista em situações excepcionais.
Crianças de 6 meses a 2 anos, utilizar produtos preferencialmente compostos totalmente ou em maior parcela por filtros inorgânicos. Seus principais representantes são o óxido de zinco (ZnO) e o dióxido de titânio (TiO2). As principais características dos filtros inorgânicos são sua baixa permeação cutânea e sua elevada fotoestabilidade, ou seja, a capacidade do filtro de manter sua capacidade fotoprotetora mesmo após longos períodos de radiação solar.
Crianças acima de 2 anos, uso de produtos com balanço adequado entre filtros orgânicos e inorgânicos, com alta resistência à água e de fácil aplicação.
O filtro solar ideal deve proteger da radiação UVA e UVB e ter no mínimo FPS 30. Devem ser reaplicados regularmente, a cada 2-3 horas ou após longos períodos de imersão na água ou sudorese intensa. Prefira o uso de protetores com especificação “kids” ou “infantil”
– Qual a quantidade ideal de protetor solar? Como e quando deve ser utilizado?
A aplicação do fotoprotetor deve ser realizada com a menor quantidade de roupa possível, 15 a 30 minutos antes da exposição ao sol e refeita a cada 2 horas ou após longos períodos de imersão na água ou sudorese intensa.
É recomendado a aplicação de quantidade generosa de protetor solar ou aplicação em 2 camadas de forma consecutiva, a fim de atingir a quantidade próxima de 2mg/cm2.
Os protetores solares devem ser utilizados diariamente, mesmo em dias nublados e chuvosos.
– O protetor para adultos pode ser usado normalmente em crianças?
A pele da criança é mais sensível do que a pele dos adultos, deve-se dar preferencia aos protetores solares “kids” ou “infantil” para as crianças.
– O que é o FPS, e como saber qual o certo para cada pele?
O Fator de Proteção Solar (FPS) é o principal dado para quantificação da eficácia fotoprotetora de um filtro solar, sendo universalmente aceito. Seu método é baseado na determinação da Dose Eritematosa Mínima (DEM), definida como sendo a menor quantidade de energia necessária para o desencadeamento de eritema, em áreas de pele protegidas e não protegidas pelo produto em estudo. O valor do FPS é, então, calculado como a razão numérica entre a DEM da pele protegida e a da pele não protegida.
O Fator de Proteção Solar é ainda a principal informação acerca da eficácia fotoprotetora de um filtro solar, mas a sua interpretação não deve ser baseada somente no valor numérico em si, devendo-se também considerar a adequada forma de uso do produto, em termos de quantidade aplicada e regularidade na reaplicação.
Por fim, na escolha de um agente fotoprotetor, além do FPS, os dados relativos à substantividade (resistência à água), proteção UVA e fotoestabilidade devem ser considerados para uma correta fotoproteção.
– É possível o uso de repelente junto ao protetor?
Sim. O repelente deve ser aplicado após o uso do protetor solar, na pele não coberta por roupas.
– Caso utilizados em conjunto, há possibilidade da inibição de algum dos efeitos?
Não.
– Quais acessórios são indicados para utilização?
São indicados o uso de roupas, chapéus, óculos de sol, além de guarda-sol.
– Como deve ser incluído o uso do hidratante no dia-a-dia da criança?
O hidratante infantil, hipoalergênico e sem perfume, deve ser aplicado após o banho, idealmente nos primeiros 3 minutos, quando a pele ainda está úmida.
– Com a chegada do verão, as mães costumam dar mais banhos durante o dia na criança. É correto?
Não.
– Quais os cuidados que se deve ter quanto à esse excesso de banhos?
O ideal é dar um banho ao dia nas crianças. Deve-se utilizar água morna, sabonetes ou agentes de limpeza infantis e não utilizar buchas. Se mais de um banho for necessário, deve-se restringir o uso do sabonete ou agente de limpeza à área genital e aos pés. Após o banho, pode-se aplicar hidratante infantil, sem perfume, em todo o corpo.
– Quais os erros mais cometidos pelos pais nesse cuidado?
Os erros mais comuns são o uso de bucha durante o banho, água quente, excesso de sabonete e mais de um banho durante o dia. Em relação à proteção solar, muitos pais acham desnecessário a aplicação do protetor solar diariamente e/ou em dias nublados e chuvosos. Além disso, o protetor solar geralmente não é reaplicado com a frequência adequada.
Escrito por Dra. Rosana Rocon Siqueira