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Clínicas populares são opção ao SUS e à carestia dos planos de saúde
Entre o tempo de espera no SUS, as queixas e os valores cobrados pelos planos de saúde, a população tem encontrado nas clínicas populares atendimento médico de qualidade, preço baixo e facilidades na forma de pagamento.
Sair de casa ainda de madrugada para garantir uma consulta e a realização de um exame, ou ainda buscar uma clínica da rede credenciada do plano de saúde que só tem vaga para um mês depois do dia que você tenta incessantemente marcar. Se por um lado, o Sistema Único de Saúde (SUS) não atende a contento, por outro, as queixas relativas ao atendimento e à oferta de serviços pelos planos de saúde são cada dia maiores, assim como as taxas de reajustes aplicados pelas seguradoras.
Maria José Serpa Santos, de 59 anos, tem um plano de saúde que não cobre a consulta com o médico dela. Na última semana, ela escolheu uma clínica no bairro da Liberdade, a Sim, para realizar os exames e o atendimento que precisava. Se fosse pagar por uma consulta ao cardiologista sem o plano de saúde, a funcionária pública aposentada desembolsaria, no mínimo, R$ 200. Em uma clínica popular, o valor caiu para R$ 80.
“O preço é muito acessível, eu economizo 100% ou até mais” (sic), contou. Além das consultas com o neurologista e o cardiologista, fez também exames, incluindo uma ressonância magnética que custou R$ 600. Em outras clínicas, a soma de todos os serviços poderia ultrapassar R$ 1,2 mil.
Nos bairros mais populares da capital, há dezenas de outras clínicas desse tipo. O conceito delas é quase sempre o mesmo: oferecer serviço médico de qualidade, a preços populares, atendendo principalmente uma clientela que não possui plano de saúde ou que não aguenta mais as filas e a longa espera pelo SUS.
Demanda
“Há uns dez anos, eu fui a uma palestra em que falavam que os planos de saúde iriam falir, acabar. Só que ninguém dava uma solução. Foi quando eu tive uma sacada e pensei: ‘é isso, clínicas populares’”, contou a proprietária da Clínica Nordeste de Amaralina, Ana Andrade. Para abrir a clínica no bairro, ela fez um investimento inicial de R$ 200 mil. A unidade funciona há sete anos e só agora começa a dar resultados. “É viável do ponto de vista econômico, mas tem que esperar. No começo, você precisa bancar os médicos, até que os pacientes apareçam”, assegura.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos (Sindmed-BA), Francisco Magalhães, a tendência sempre existiu, mas a demanda aumentou com a precarização do SUS e a insatisfação da população com os planos, cada vez mais caros e limitados quanto à oferta de serviços.
“A tendência é satisfatória para o profissional, já que no plano ele leva até 60 dias para receber o valor da consulta, enquanto com o atendimento particular em uma clínica popular, o dinheiro vai diretamente para o bolso”. Francisco acrescenta que a intermediação do plano precariza a relação com o paciente. “Os planos de saúde não têm apresentado satisfação nem para os médicos nem para os usuários”, observa.
Outras clínicas não revelam o valor aplicado, mas concordam que o retorno não é imediato. A DN Master Clínica funciona em Cajazeiras há dois anos e meio. A administradora da clínica, Luciana Almeida, diz que a previsão é de mais quatro anos de investimentos até que comece a dar lucro.
Lá, além de especialidades médicas e odontológicas, há também um pequeno centro cirúrgico e um parque tecnológico. A clínica trabalha com um cartão fidelidade. Com ele, o paciente recebe descontos nas consultas, que, hoje, custam R$ 60. Somente no mês passado, a clínica atendeu a 4,7 mil pacientes. “É viável economicamente e é um setor que tem crescido bastante em Salvador”, disse Luciana.
Matéria publicada no Site Correio 24h